Tratamento Ortodôntico da Mordida Aberta Anterior: Aspectos relevantes na evolução terapêutica.
- drmarlosloiola
- 21 de nov.
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1. Introdução
A mordida aberta anterior representa um dos desafios mais complexos no campo da ortodontia contemporânea. Definida como a ausência de contato e sobreposição vertical entre os incisivos superiores e inferiores, esta má oclusão apresenta uma etiologia multifatorial que combina aspectos esqueléticos, dentários, de tecidos moles e fatores ligados habitos ligados a motricidade orofacial. A prevalência da mordida aberta anterior varia significativamente entre diferentes populações, com incidência reportada entre 1,5% e 11%, variando conforme etnia e tipo de dentição (Decidua, mista e permanente).
A complexidade desta condição não reside apenas em sua etiologia diversificada, mas também na tendência à recidiva após tratamento ortodôntico convencional ou cirúrgico. Esta característica torna a mordida aberta anterior uma das deformidades dentofaciais mais desafiadoras de se tratar, exigindo diagnóstico cuidadoso, planejamento meticuloso e seleção apropriada de modalidades de tratamento para alcançar resultados estáveis a longo prazo.

O objetivo deste artigo informativo é apresentar uma revisão da literatura científica sobre o tratamento da mordida aberta anterior, abordando sua etiologia, prevalência, características morfológicas, modalidades de tratamento contemporâneos nas diferentes fases da dentição, integração de tecnologias digitais e considerações sobre estabilidade e contenção.
2. Fatores Etiológicos e Prevalência
2.1 Prevalência e Classificação
A incidência da mordida aberta anterior apresenta variação considerável na literatura, com valores reportados entre 1,5% e 11% da população, dependendo da etnia, idade dentaria e critérios diagnósticos utilizados. Estudos epidemiológicos demonstram que a prevalência é significativamente maior em populações de origem africana (aproximadamente 16%) comparada a populações caucasianas (cerca de 4%).
As mordidas abertas são tradicionalmente classificadas em duas categorias principais: dentaria e esquelética. A mordida aberta dentaria geralmente está localizada na região anterior, na regãoi de caninos e incisivos, associada a um padrão craniofacial normal, com dentes anteriores proclinados e sub-erupcionados, frequentemente relacionada a hábitos de sucção digital. Por outro lado, a mordida aberta esquelética está relacionada ao crescimento vertical excessivo do complexo dentoalveolar maxilar, especialmente na região posterior (molares).
Entretanto, a maioria dos casos clínicos apresenta uma combinação de ambos os fatores, tornando a classificação dicotômica limitada. Portanto, a abordagem clinica mais adequada baseia-se na identificação dos fatores etiológicos predominantes, permitindo um planejamento de tratamento mais direcionado e eficaz.
2.2 Fatores Genéticos e Anatômicos
A mordida aberta anterior está primariamente relacionada ao potencial de crescimento vertical desfavorável dos pacientes e hereditariedade. A obtenção de um histórico familiar detalhado é fundamental para prever o padrão de crescimento do paciente e antecipar possíveis desafios terapêuticos.
Baseando-se em análises cefalométricas, a rotação do plano mandibular no sentido horário é considerada uma descoberta esquelética chave associada a uma mordida aberta esquelética. Características adicionais incluem ângulo goníaco aumentado, altura facial antero inferior (AFAI), eixo facial e angulos internos no "poligono de Jaraback". Estes fatores são aditivos na concepção do ângulo alto do plano mandibular característico da população com mordida aberta.

Figura 1: Análise Cefalométrica - Radiografia de perfil lateral com medições cefalométricas, ângulos e distâncias de referências anatômicas. (Imagem ilustrativa gerada por IA)
Condições anatômicas como tamanho e posição da língua exercem influência significativa sobre componentes esqueléticos e dentários. A macroglossia tem sido sugerida como possível causa de mordida aberta. Estudos demonstraram correlações significativas entre ângulo do plano mandibular, altura do ramo mandibular ou dimensão anteroposterior da maxila e movimento da parte frontal do dorso da língua durante a deglutição.
A reabsorção condilar mandibular foi identificada como fator etiológico da mordida aberta anterior. Diversas patologias locais e sistêmicas podem causar reabsorção condilar, incluindo osteoartrite, artrite reativa, necrose avascular, infecção, lesões traumáticas, artrite reumatoide, artrite psoriática, esclerodermia, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjögren e espondilite anquilosante.

Figura 2: Padrões de Crescimento Facial - Crescimento normal e vertical
2.3 Fatores Ambientais
Diversos hábitos deletérios são identificados como fatores causadores da mordida aberta anterior, incluindo sucção do polegar e dedo, postura anterior da língua e a degluçtão atípica. A sucção digital pode levar a uma mordida aberta anterior assimétrica, mais pronunciada no lado em que o dedo é sugado. Fatores aumentam a severidade são a duração e frequência do hábito, com evidências demonstrando que indivíduos que sugam por mais de 6 horas diárias frequentemente desenvolvem más oclusões significativas.
A postura anterior da língua, na qual a língua repousa entre os incisivos, pode atrapalhar a erupção dos incisivos e levar ao desenvolvimento de mordida aberta anterior. Esta condição deve ser diferenciada do pressionamento lingual adaptativo/atípico secundário, no qual a língua move-se anteriormente durante a deglutição para contactar os lábios e formar um selamento oral anterior secundário à mordida aberta pré-existente.
Uma característica diagnóstica na cefalometria lateral sugerindo postura anterior da língua é a presença de curva de Spee reversa no arco inferior, causada pela reduzida erupção dos incisivos.
Deficiências neuromusculares também contribuem para as características esqueléticas da mordida aberta. Pacientes com patologias musculares generalizadas, como distrofia muscular, podem ser mais propensos a dimensão vertical aumentada e mordida aberta anterior. A redução na força de contração dos músculos da mastigação, em repouso e durante função, pode levar ao crescimento esquelético vertical excessivo e sobre-erupção dos molares.
3. Aparelhos e Métodos de Tratamento nas Diferentes Fases da Dentição
O tratamento da mordida aberta anterior deve ser planejado considerando o estágio de desenvolvimento dentário do paciente, uma vez que as modalidades terapêuticas, aparelhos ortodônticos e prognóstico variam significativamente entre as dentições decídua, mista e permanente. A interceptação precoce na dentição decídua e mista pode prevenir o estabelecimento de padrões esqueléticos desfavoráveis tardios, enquanto que o tratamento na dentição permanente frequentemente requer abordagens mais complexas e invasivas.
3.1 Tratamento na Dentição Decídua (+-3 a 6 anos)
A mordida aberta anterior na dentição decídua está frequentemente associada a hábitos de sucção digital, uso prolongado de chupeta e postura lingual inadequada. Pisani et al. (2016) demonstraram em revisão sistemática que a intervenção precoce nesta fase apresenta prognóstico favorável quando os fatores etiológicos são primariamente funcionais e habituais, com taxas de sucesso superiores a 70% quando há cooperação adequada do paciente e família.
O tratamento na dentição decídua baseia-se primariamente em abordagens não invasivas e aparelhos simples que visam eliminar hábitos deletérios e reeducar padrões funcionais. McNamara Jr. (1977) estabeleceu princípios fundamentais demonstrando que a intervenção precoce pode modular o crescimento vertical da face, prevenindo o estabelecimento de padrões hiperdivergentes.
Os aparelhos mais utilizados nesta fase incluem a grade palatina, que atua como barreira mecânica impedindo a interposição da língua ou dedo entre os incisivos, e esporões linguais colados, que promovem feedback tátil negativo durante tentativas de sucção digital ou interposição lingual. Baccetti, Franchi e McNamara Jr. (2008) demonstraram que o "timing" da intervenção ortopédica em pacientes com dimensão vertical aumentada é crítico, sendo a dentição decídua tardia e mista precoce os períodos mais favoráveis.
A terapia miofuncional orofacial integrada ao tratamento ortodôntico é fundamental nesta fase, promovendo reeducação da postura lingual, padrão de deglutição e respiração nasal. Leal et al. (2025) demonstraram em ensaio clínico randomizado que a terapia miofuncional orofacial breve associada à mensuração da pressão lingual são fatores preditivos significativos para correção da mordida aberta.

Figura 3: Aparelhos para Dentição Decídua - Grade palatina,, esporões linguais colados e aparelho removível para eliminação de hábitos
3.2 Tratamento na Dentição Mista (+- 6 a 12 anos)
A dentição mista representa período crítico para intervenção ortodôntica e ortopédica, uma vez que o potencial de crescimento pode ser aproveitado para correção de discrepâncias esqueléticas. Schulz et al. (2005) avaliaram os efeitos do tratamento com expansão rápida da maxila (ERM) com recobrimento oclusãl (Disjuntor McNamara) e mentoneira vertical noturna, seguidos pelo uso de aparelho fixo em pacientes com dimensão vertical aumentada, e foi demonstrado controle efetivo do crescimento vertical e melhora significativa nas relações esqueléticas.
Os aparelhos ortopédicos funcionais desempenham papel importante nesta fase. O expansor rápido da maxila (ERM) com recoberturimento oclusal posterior (bite blocks) promove intrusão relativa dos molares através da erupção controlada, enquanto simultaneamente expande a maxila transversalmente. O uso noturno da mentoneira com tração alta posterior redireciona o vetor de crescimento mandibular, controlando a rotação horária excessiva, característica dos pacientes com mordida aberta.
Pisani et al. (2016) conduziram revisão sistemática sobre tratamentos ortodônticos e ortopédicos para mordida aberta anterior na dentição mista, identificando que aparelhos fixos com bite blocks posteriores, expansores com cobertura oclusal de acrílico e uso noturno de mentoneiras verticais apresentam evidências moderadas de eficácia. A combinação de aparelhos ortopédicos com terapia miofuncional demonstrou resultados superiores comparados a intervenções isoladas.
Utrago et al. (2025) investigaram a estabilidade a longo prazo do tratamento de mordida aberta anterior com esporões colados na dentição mista, demonstrando que quando combinados com terapia miofuncional e eliminação de hábitos, os resultados apresentam estabilidade satisfatória em acompanhamento de 5 anos.
O tratamento na dentição mista também pode incluir aparelhos removíveis funcionais como o ativador de Andresen modificado com bite blocks posteriores, que promove intrusão de molares e controle do crescimento vertical. A cooperação do paciente é fator crítico para o sucesso com aparelhos removíveis.

Figura 4: Aparelhos para Dentição Mista - mentoneira de tração alta
3.3 Tratamento na Dentição Permanente (+ 12 anos)
O tratamento da mordida aberta anterior na dentição permanente apresenta desafios significativos, especialmente quando o potencial de crescimento está esgotado. Nesta fase, as opções terapêuticas incluem tratamento ortodôntico com ancoragem esquelética, tratamento ortodôntico-cirúrgico combinado, e em casos selecionados, tratamento ortodôntico convencional com ou sem extrações.
A ancoragem esquelética com mini-implantes e mini-placas revolucionou o tratamento da mordida aberta na dentição permanente. Espinosa et al. (2020) conduziram meta-análise avaliando a estabilidade do tratamento com intrusão de molares usando ancoragem esquelética, demonstrando taxa de recidiva de 12% para molares superiores e 27,2% para molares inferiores em acompanhamento médio de 2,5 anos. Estes resultados são comparáveis às taxas de recidiva reportadas para cirurgia ortognática.
Kwon, Miloro et al. (2024) publicaram revisão sistemática e meta-análise sobre correção ortodôntica de mordida aberta usando ancoragem esquelética, incluindo 24 estudos com 362 pacientes. Os resultados demonstraram aumento médio de 3,88 mm no overbite em curto prazo, com intrusão de molares superiores de 2,15 mm. A mandíbula apresentou rotação anti-horária com movimento anterossuperior do mento. Em longo prazo (≥2 anos), observou-se recidiva de 19,9% no overbite.
Chang et al. (2022) investigaram o sucesso dos mini - parafusos de ancoragem, na crista infrazigomática (IZC), demonstrando que a idade do paciente, localização do parafuso e comprimento são fatores críticos para o sucesso. Os mini-parafusos IZC proporcionam ancoragem superior para intrusão de molares e correção de mordida aberta, com taxas de sucesso superiores a 90% quando inseridos adequadamente.
O protocolo de intrusão de molares com ancoragem esquelética tipicamente utiliza mini-parafusos inseridos na região palatina ou crista infrazigomática, conectados aos molares através de arcos de intrusão, power arms (ganchos de força) e sistemas de cantilever. A força aplicada varia entre 100-300gr por lado, dependendo do número de dentes a serem intruídos e da ancoragem disponível.
Janson et al. (2006) compararam a estabilidade do tratamento de mordida aberta com e sem extrações na dentição permanente, demonstrando que ambas as abordagens apresentam taxas de recidiva similares (30-40%), sendo a eliminação de fatores etiológicos e protocolo de contenção adequado mais importantes que a modalidade de tratamento específico.
Para casos de mordida aberta esquelética severa com crescimento completo, a cirurgia ortognática combinada com ortodontia representa a opção de tratamento mais previsível. A osteotomia Le Fort I com impactação posterior da maxila permite correção esquelética definitiva, com taxas de recidiva entre 10-30% quando combinada com protocolo de contenção adequado.
Aliaga-Del Castillo et al. (2022) utilizaram análise tridimensional para avaliar mudanças dento-alveolares no tratamento da mordida aberta, demonstrando que a intrusão de molares com ancoragem esquelética produz mudanças primariamente dentoalveolares com componente esquelético secundário, enquanto a cirurgia ortognática promove mudanças primariamente esqueléticas.

Figura 5: Ancoragem Esquelética para Dentição Permanente - Mini-Parafuso infrazigomatico (IZC)
Tabela 1: Aparelhos Ortodônticos por Tipo de Dentição - Indicações e Limitações
Tipo de Dentição | Aparelho / Método | Indicações | Limitações |
Dentição Decídua (3-6 anos) | Grade Pala | Mordida aberta associada a hábitos de sucção; Interposição lingual; Mordida aberta dental leve a moderada | Requer cooperação; Não corrige componente esquelético; Desconforto inicial; Necessita terapia miofuncional associada |
Dentição Decídua (3-6 anos) | Esporões Linguais Colados | Hábito de sucção digital persistente; Pressionamento lingual anterior; Feedback tátil negativo | Pode causar desconforto; Risco de descolagem; Não indicado em casos esqueléticos; Requer monitoramento frequente |
Dentição Decídua (3-6 anos) | Aparelho Removível com Grade | Mordida aberta leve; Eliminação de hábitos; Pacientes cooperadores | Dependente de cooperação; Eficácia limitada; Pode ser perdido ou quebrado; Uso noturno apenas |
Dentição Mista (6-12 anos) | Expansor Rápido Maxilar (ERM) com Bite Blocks | Mordida aberta com atresia maxilar; Controle de erupção de molares; Pacientes em crescimento | Requer crescimento ativo; Desconforto durante ativação; Necessita fase de contenção; Custo elevado |
Dentição Mista (6-12 anos) | Mentoneira Vertical (extra-oral tração alta) | Padrão de crescimento hiperdivergente; Controle de crescimento vertical; Rotação mandibular excessiva | Dependente de cooperação (12-14h/dia); Impacto estético; Resultados variáveis; Necessita uso prolongado |
Dentição Mista (6-12 anos) | Aparelhos Funcionais com Bite Blocks | Mordida aberta esquelética leve; Pacientes em crescimento; Deficiência mandibular associada | Requer cooperação; Eficácia controversa; Tempo de tratamento prolongado; Resultados imprevisíveis |
Dentição Mista (6-12 anos) | Esporões Colados + Terapia Miofuncional | Mordida aberta dentaria moderada; Padrão funcional inadequado; Eliminação de hábitos | Requer terapia complementar; Custo adicional; Necessita acompanhamento fonoaudiológico; Tempo de tratamento longo |
Dentição Permanente (12+ anos) | Intrusão de Molares com Mini-implantes | Mordida aberta esquelética moderada a severa; Sobre-erupção de molares; Pacientes não cirúrgicos | Procedimento cirúrgico; Taxa de falha 5-15%; Custo elevado; Higiene rigorosa necessária; Recidiva 12-27% |
Dentição Permanente (12+ anos) | Aparelho Fixo com Extrações | Mordida aberta com biprotrusão; Apinhamento severo; Perfil protrusivo | Extrusão de molares; Rotação horária mandibular; Alta recidiva (30-40%); Resultados menos previsíveis |
Dentição Permanente Adultos | Cirurgia Ortognática + Ortodontia | Mordida aberta esquelética severa; Crescimento completo; Discrepância >4mm; Falha de tratamento prévio | Procedimento cirúrgico maior; Riscos cirúrgicos; Custo muito elevado; Recuperação prolongada; Recidiva 10-30% |
4. Modalidades de Tratamento Contemporâneas com Ancoragem Esquelética
4.1 Ancoragem Esquelética: Fundamentos e Aplicações
O uso coadjuvante de mini-implantes de ancoragem ortodontica é considerado fundamental no cuidado ortodôntico contemporâneo devido à sua versatilidade, mínima invasividade e boa relação custo-efetividade. Estes dispositivos possibilitaram aos clínicos contornar a necessidade de aparelhos extra-orais, possuir bom embasamento e controle dos efeitos biomecânicos para movimentos dentários seletivos e, potencialmente, evitar a necessidade de intervenção cirúrgica adjuvante.
Uma meta-análise que avaliou a estabilidade do tratamento da mordida aberta anterior com intrusão de molares usando ancoragem esquelética demonstrou resultados promissores. O estudo incluiu 6 artigos de alta qualidade, com tempo médio de acompanhamento pós-tratamento de 2,5 anos. Os resultados revelaram uma recidiva média padronizada do overbite de 1,23 mm, enquanto os incisivos superiores e inferiores apresentaram recidiva média não significativa. A intrusão de molares mostrou taxa de recidiva em torno de 12% para molares superiores e 27,2% para molares inferiores.
Outro estudo mais abrangente, incluindo 24 artigos com total de 362 pacientes, investigou os efeitos de curto e longo prazo da correção ortodôntica da mordida aberta anterior usando ancoragem esquelética. Os resultados de curto prazo demonstraram aumento significativo no overbite de 3,88 mm e intrusão de molares superiores de 2,15 mm. A mandíbula apresentou rotação anti-horária com movimento anterossuperior do mento. Em longo prazo (≥ 2 anos), observou-se diminuição no overbite de 19,9% e diminuição na intrusão de molares de 22,9%.
A ancoragem esquelética para intrusão de molares superiores melhorou efetivamente os resultados dentários e esqueléticos, embora tenha havido diminuição de longo prazo no overbite e na posição dos molares superiores. A estabilidade da mordida aberta anterior através da intrusão de molares usando dispositivos de ancoragem esquelética pode ser considerada relativamente similar àquela reportada para abordagens cirúrgicas, uma vez que 10 a 30% de recidiva ocorre tanto em molares superiores quanto inferiores.

Figura 6: Biomecânica da Ancoragem Esquelética - mini-parafuso de ancorqgem indireta para correção da mordida aberta anterior com elastico intermaxilar.
4.2 Mini-placas versus Mini-parafusos
A literatura científica apresenta comparações importantes entre diferentes tipos de dispositivos de ancoragem esquelética. Mini-placas podem apresentar acúmulo de placa bacteriana ao redor da estrutura e irritação do tecido mole oral, resultando em inflamação. Por outro lado, mini-parafusos parecem mais tolerantes devido ao seu menor volume e fixação direta sem necessidade de incisões.
Complicações potenciais associadas à ancoragem esquelética incluem dano a estruturas vitais, dor, infecção, inflamação e falha com o dispositivo (fratura ou afrouxamento). O custo e morbidade da colocação de placas e parafusos também devem ser considerados no planejamento do tratamento. Entretanto, a maioria dos estudos incluídos nas revisões sistemáticas não reportou claramente complicações ou inconveniências relacionadas à fixação de mini-placas ou parafusos, dificultando a avaliação precisa dos problemas relacionados ao tratamento.
4.3 Cirurgia Ortognática
A cirurgia ortognática representa opção terapêutica importante para casos de mordida aberta esquelética severa em pacientes adultos com crescimento completo. A osteotomia Le Fort I com impactação posterior da maxila é um dos procedimentos que podem ser realizados, frequentemente combinada com movimentos ortodônticos pré e pós-cirúrgicos.
A integração de planejamento digital por computador e cirurgia tem melhorado significativamente a previsibilidade e precisão dos resultados cirúrgicos. O uso da TCFC permite visualização tridimensional precisa das estruturas ósseas e planejamento virtual do procedimento cirúrgico, incluindo simulação dos resultados estéticos e funcionais.
A osteotomia permite o reposicionamento superior posterior da maxila, resultando na rotação anti-horária da mandíbula e fechamento da mordida aberta anterior. Este procedimento pode ser combinado com osteotomia mandibular quando necessário para correção de discrepâncias anteroposteriores associadas. A fixação óssea é realizada com mini-placas e parafusos de titânio, proporcionando estabilidade imediata e permitindo função precoce.

Figura 7: Cirurgia Ortognática com placas e parafusos de fixação óssea
5. Integração das Tecnologias Digitais na Ortodontia
5.1 Fluxo Digital e Escaneamento Intraoral
A ortodôntica continua a fazer avanços significativos com o desenvolvimento e incorporação de diversas tecnologias digitais, incluindo modelos digitais 3D, configurações individuais de braquetes, alinhadores transparentes e aparelhos impressos em 3D customizados. A evolução flui naturalmente para a formatação da impressão 3D de aparelhos tradicionalmente fabricados em laboratório de forma customizada.
A introdução de dispositivos de escaneamento intraoral permite o registro de escaneamentos dos mini-implantes com alto grau de precisão.
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Os escaneres tem sido utilizado para registrar imagens coloridas do arcos dentarios, posicionamento das unidades dentarias, relações entre todas essas estuturas, inclusive com a possibilidade de registrar os movimentos funcionais realizados pela mandibula em direção a maxila. O arquivo estereolitográfarico 3D (STL) pode ser manipulado em sofwtares voltados a visualização e modelagem 3D, como também ser enviado diretamente ao laboratório odontológico, onde o aparelho é digitalmente desenhado com software de design de aparelhos prontamente disponível.

Figura 8: Imagens capturadas por escaner que gerou Modelos Digitais 3D
5.2 Design CAD-CAM e Impressão 3D Metálica
Um método inovador para o design digital (CAD) e impressão 3D (CAM) de aparelhos ortodônticos ancorados por mini-implantes foi desenvolvido por Graf, Vasudavan e Wilmes em 2018. O processo utiliza fusão a laser (laser melting) para fabricação de aparelhos metálicos customizados.
O design digital é transferido para uma máquina de fusão a laser (Concept Laser, Lichtenfels, Alemanha), onde a estrutura primária do aparelho é impressa tridimensionalmente com liga metálica remanium star (Dentaurum, Ispringen, Alemanha), comumente usada na fabricação de próteses dentárias removíveis.
O processo de impressão 3D metálica consiste em duas fases. Inicialmente, o pó de remanium star é espalhado em camadas de 25 μm (dependendo do tamanho do grão do pó da liga metálica) e fundido a laser nos pontos necessários para construir uma estrutura sólida. O procedimento de camadas é repetido até que toda a estrutura seja completada. A máquina da Concept Laser possui volume de construção de 9 × 9 × 8 cm com laser de 110 W e requer 11 horas para fabricação de 4 aparelhos, cada um com volume de construção de 6 × 3 × 2 cm.
A segunda fase, após remoção do pó não fundido, é o processo de sinterização e remoção das tensões acumuladas dos pontos fundidos (homogeneização) na construção. Para a sinterização, a plataforma de construção é aquecida a 1150°C e mantida nesta temperatura por 1 hora. A duração total incluindo aquecimento e resfriamento é aproximadamente 5 horas.
A principal vantagem da fusão a laser sobre a sinterização é que não há necessidade de calcular a porcentagem de contração, uma vez que a estrutura básica já possui a forma e tamanho corretos. O parafuso de expansão é soldado a laser no local preparado após o procedimento de polimento.

Figura 9: Impressão 3D e Fusão a Laser - Fabricação digital de aparelhos ortodônticos customizados através de design CAD-CAM e impressão 3D metálica
5.3 Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC)
A Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico revolucionou o diagnóstico e planejamento ortodôntico, fornecendo imagens tridimensionais de alta resolução das estruturas maxilofaciais. Esta tecnologia permite avaliação precisa da morfologia óssea, posicionamento dentário, vias aéreas e estruturas anatômicas críticas antes da colocação de dispositivos de ancoragem esquelética.
A TCFC possibilita a identificação de locais ideais para inserção de mini-parafusos, evitando estruturas vitais como raízes dentárias, seio maxilar e canal do nervo alveolar inferior mandibular. Além disso, permite a avaliação da espessura cortical óssea e densidade óssea, fatores que influenciam significativamente a estabilidade primária dos dispositivos de ancoragem. Além de possibilitar a mensuração e relação das estruturas maxilo mandibulares nas 3 dimensões (vertical, sagital e transversal), Vias aéreas e avaliar assimetrias latero-laterais.
A integração da TCFC com software de planejamento digital permite a criação de guias cirúrgicos customizados para inserção precisa de mini-implantes, poisicionmento ideal de disjuntores ancorados tipo MARPE, aumentando a previsibilidade e segurança do procedimento.

Figura 10: Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC) - Visualização tridimensional das estruturas maxilofaciais para diagnóstico preciso e planejamento.
5.4 Inteligência Artificial em Ortodontia
A aplicação de Inteligência Artificial (IA) na ortodontia representa uma fronteira emergente com potencial transformador. Algoritmos de aprendizado de máquina têm sido desenvolvidos para análise cefalométrica automatizada, identificação de pontos de referência anatômicos, predição de crescimento crânio-facial e ajuda em alguns pontos do planejamento de tratamento.
Sistemas de IA podem processar grandes volumes de dados de imagens radiográficas e modelos digitais, identificando padrões e relações que podem não ser evidentes na análise convencional. Estes sistemas demonstram potencial para auxiliar no diagnóstico diferencial da mordida aberta anterior, distinguindo componentes esqueléticos de dentários e identificando fatores etiológicos predominantes.
Além disso, a IA pode contribuir para a predição de resultados de tratamento e estabilidade a longo prazo, auxiliando os clínicos na seleção de modalidades de tratamento mais apropriadas para cada caso individual. A integração da IA com fluxo digital completo representa o futuro da prática ortodôntica baseada em evidências cientificas e individualizada.

Figura 11: Inteligência Artificial em Ortodontia - Auxilio na analise de dados voltados ao tratamento através de algoritmos de machine learning
6. Interação Multidisciplinar no Tratamento da Mordida Aberta Anterior
O tratamento bem-sucedido da mordida aberta anterior frequentemente requer abordagem multidisciplinar integrada, envolvendo diversas especialidades da odontológia e áreas relacionadas. A complexidade etiológica desta má oclusão demanda colaboração entre ortodontistas, cirurgiões bucomaxilofaciais, fonoaudiólogos, odontopediatras, periodontistas, clinicos gerais e até de especialistas em harmonização orofacial.
A cirurgia ortognática representa opção terapêutica importante para casos de mordida aberta esquelética severa em pacientes adultos com crescimento completo. A osteotomia com impactação posterior da maxila é um procedimento que pode ser realizado, frequentemente combinado com movimentos ortodônticos pré e pós-cirúrgicos.
A integração de planejamento digital e cirurgia guiada por computador tem melhorado significativamente a previsibilidade e precisão dos resultados cirúrgicos.
A fonoaudiologia desempenha papel crucial na identificação e correção de padrões funcionais inadequados, incluindo postura lingual alterada, empuxo lingual e padrões de deglutição atípicos. A terapia miofuncional orofacial, quando integrada ao tratamento ortodôntico, pode melhorar significativamente os resultados e reduzir o risco de recidiva.

Figura 12: Terapia Miofuncional Orofacial - exercícios de posicionamento lingual para padrões de deglutição
A periodontia é essencial na avaliação e manejo da saúde periodontal durante tratamento ortodôntico com ancoragem esquelética. A colocação de mini-implantes requer avaliação periodontal adequada, e a manutenção da saúde dos tecidos moles ao redor dos dispositivos de ancoragem é fundamental para o sucesso do tratamento.
A dentística estética e a reabilitação oral podem ser necessárias após correção ortodôntica da mordida aberta, especialmente em casos com desgaste dentário, restaurações inadequadas ou necessidade de ajustes oclusais finais. A harmonização orofacial, incluindo procedimentos estéticos faciais, pode complementar os resultados ortodônticos, melhorando a estética facial global e satisfação do paciente.
7. Tabelas Comparativas
Tabela 2: Comparativo de Vantagens e Desvantagens de Diferentes Técnicas de Tratamento
Técnica de Tratamento | Vantagens | Desvantagens | Taxa de Recidiva | |
Intrusão de Molares com Mini-implantes | Controle biomecânico preciso; Sem necessidade de cooperação do paciente; Resultados previsíveis; Evita cirurgia ortognática em casos selecionados | Requer procedimento cirúrgico; Possível falha do dispositivo (5-15%); Custo adicional; Necessita manutenção de higiene rigorosa | 12% (molares superiores), 27,2% (molares inferiores) | |
Intrusão de Molares com Mini-placas | Maior estabilidade primária; Suporta forças maiores; Adequado para movimentos complexos | Procedimento cirúrgico mais invasivo; Maior morbidade; Acúmulo de placa; Irritação de tecido mole; Custo elevado | 10-30% | |
Cirurgia Ortognática | Correção esquelética definitiva; Resultados imediatos; Adequado para discrepâncias severas | Procedimento cirúrgico maior; Riscos cirúrgicos; Custo elevado; Tempo de recuperação prolongado; Requer crescimento completo | 10-30% | |
Tratamento Ortodôntico Convencional com Extrações | Sem necessidade de ancoragem esquelética; Menor custo; Técnica bem estabelecida | Extrusão de molares; Rotação horária da mandíbula; Maior taxa de recidiva; Resultados menos previsíveis | 30-40% | |
Tratamento Ortodôntico sem Extrações | Preservação de todos os dentes; Menor complexidade | Limitações biomecânicas; Alta taxa de recidiva; Extrusão de incisivos; Resultados menos estáveis | 40-50% | |
Terapia Miofuncional Orofacial Isolada | Não invasiva; Corrige padrões funcionais; Baixo custo; Sem riscos | Requer alta cooperação; Resultados limitados em casos esqueléticos; Tempo de tratamento prolongado; Eficácia variável | Variável (depende da etiologia) |
Tabela 3: Fatores que Influenciam a Estabilidade do Tratamento da Mordida Aberta Anterior
Fator | Impacto na Estabilidade | Recomendações Clínicas |
Padrão de Crescimento Facial | Alto - Pacientes hiperdivergentes apresentam maior risco de recidiva | Identificar padrão de crescimento precocemente; Considerar cirurgia ortognática em casos severos; Contenção prolongada |
Postura e Função Lingual | Muito Alta - Principal fator de recidiva pós-tratamento | Terapia miofuncional orofacial integrada; Avaliação fonoaudiológica; Correção de hábitos deletérios |
Magnitude da Correção | Alto - Correções maiores apresentam maior tendência à recidiva | Planejamento realista; Considerar limites biológicos; Contenção prolongada em casos de grande correção |
Tipo de Tratamento | Moderado a Alto - Ancoragem esquelética apresenta melhor estabilidade que tratamento convencional | Preferir intrusão de molares com ancoragem esquelética; Evitar extrusão de incisivos |
Idade do Paciente | Moderado - Tratamento em crescimento pode apresentar recidiva com crescimento residual | Timing adequado do tratamento; Monitoramento durante crescimento; Contenção até estabilização do crescimento |
Hábitos Orais | Alto - Persistência de hábitos deletérios aumenta significativamente recidiva | Eliminação de hábitos antes/durante tratamento; Acompanhamento psicológico se necessário; Dispositivos de lembrança |
Respiração Oral | Alto - Obstrução de vias aéreas superiores contribui para recidiva | Avaliação otorrinolaringológica; Tratamento de obstruções; Terapia miofuncional |
Protocolo de Contenção | Muito Alto - Contenção inadequada é fator crítico de recidiva | Contenção fixa lingual permanente; Contenção removível noturna prolongada; Acompanhamento de longo prazo |
8. Contenção e Estabilidade a Longo Prazo
A tendência à recidiva após tratamento da mordida aberta anterior representa um dos maiores desafios na ortodontia. A falha da adaptação da postura da língua subsequente ao tratamento ortodôntico e/ou cirúrgico tem sido identificada como razão primária para a recidiva.
Estudos de estabilidade demonstram que a recidiva do overbite negativo varia entre 19,9% e 30% a longo prazo, dependendo da modalidade de tratamento utilizada. A intrusão de molares apresenta taxa de recidiva de 12% para molares superiores e 27,2% para molares inferiores quando ancoragem esquelética é utilizada.
Contenção prolongada com contenções fixas ou removíveis é aconselhável e necessária na maioria dos casos de tratamento de mordida aberta. Protocolos de retenção devem ser individualizados baseando-se em fatores etiológicos, modalidade de tratamento utilizada e características individuais do paciente.
A terapia miofuncional orofacial integrada ao tratamento ortodôntico e mantida durante o período de contenção pode contribuir significativamente para a estabilidade a longo prazo, promovendo adaptação funcional adequada e reduzindo o risco de recidiva.
9. Conclusão
O tratamento da mordida aberta anterior permanece sendo um desafio complexo na ortodontia contemporânea, exigindo compreensão profunda de sua etiologia multifatorial, diagnóstico preciso e seleção criteriosa de modalidades de tratamento apropriadas para cada fase da dentição. A interceptação precoce na dentição decídua e mista, quando indicada, pode prevenir o estabelecimento de padrões esqueléticos desfavoráveis e reduzir a necessidade de intervenções mais invasivas na dentição permanente.
A integração de tecnologias digitais, incluindo TCFC, escaneamento intraoral, design CAD-CAM, impressão 3D e inteligência artificial, tem revolucionado o diagnóstico, planejamento e execução do tratamento em todas as fases da dentição. A ancoragem esquelética com mini-parafusos e mini-placas, especialmente na técnica de ancoragem na crista infrazigomatica (IZC) desenvolvida por Chris Chang e colaboradores, representa avanço significativo no tratamento da dentição permanente, possibilitando correção efetiva através da intrusão de molares superiores com resultados comparáveis às abordagens cirúrgicas.
Entretanto, a tendência à recidiva permanece como preocupação importante em todas as fases da dentição, com taxas variando entre 10% e 50% em longo prazo, dependendo da modalidade de tratamento utilizada e fatores etiológicos predominantes. A abordagem multidisciplinar integrada, envolvendo ortodontia, cirurgia bucomaxilofacial, fonoaudiologia, periodontia e outras especialidades, é fundamental para otimizar resultados e estabilidade a longo prazo.
A terapia miofuncional orofacial desempenha papel crucial em todas as fases da dentição, promovendo adaptação funcional adequada e prevenção de recidiva. Diagnóstico cuidadoso, timing adequado da intervenção, seleção apropriada de modalidades de tratamento e aparelhos para cada fase da dentição, e protocolos de contenção prolongada são essenciais para melhorar os resultados do tratamento e alcançar estabilidade a longo prazo.
Pesquisas futuras devem focar em ensaios clínicos randomizados de alta qualidade com acompanhamento de longo prazo em diferentes fases da dentição, avaliação sistemática de complicações e desenvolvimento de protocolos baseados em evidências para otimização da estabilidade do tratamento da mordida aberta anterior.
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